UNIVALI e EMBRAPA avaliam níveis de gases de efeito estufa em área de cultivo de moluscos
Professores do curso de Oceanografia da Universidade do Vale do Itajaí (Univali), em parceria com pesquisadores da Embrapa Meio Ambiente, realizaram a terceira campanha de coleta de dados para verificar a qualidade ambiental das áreas de cultivo de moluscos e a influência destes cultivos nos fluxos de gases de efeito estufa, com observação das interfaces de sedimento, água e atmosfera. As coletas ocorreram no Parque Aquícola da Enseada do Itapocoroy, em Penha, no Ribeirão da Ilha, em Florianópolis, e na Praia de Fora, em Palhoça (SC), entre os dias 22 e 26 de outubro.
O grupo que conduziu a coleta foi formado pelos docentes Gilberto Manzoni, Kátia Naomi Kuroshima, com o apoio dos colaboradores Heluiz Renato Leal, Ana Paula Stein Maria Leticia e Pedro H, Marques, e a participação dos pesquisadores Paula Packer, Marcelo Gomes e Viviane Maximiliano, da Embrapa Meio Ambiente. Estas campanhas que estão sendo feitas nas áreas de cultivo de moluscos em Santa Catarina são pioneiras no Brasil. Trata-se de uma ação da Secretaria de Aquicultura e Pesca, financiada pelo Projeto BRS Aqua, por meio da Rede Nacional de Pesquisa de Monitoramento Ambiental da Aquicultura em Águas da União, que na região sul conta com a coordenação do professor Manzoni.
Os docentes José Gustavo Natorf de Abreu, Mauro Michelena Andrade e Tito César de Almeida, da Escola do Mar, Ciência e Tecnologia da Univali, também contribuem com a iniciativa com informações relacionadas à composição da sedimentologia, fauna bentônica e dinâmica oceanográfica das áreas observadas e do entorno, permitindo o entendimento de maneira integrada da interação do cultivo de moluscos com as condições ambientais da região e no balanço dos gases de efeito estufa (GEE).
De acordo com os pesquisadores, não foram evidenciados impactos resultantes da atividade de maricultura nos locais analisados. Todos os parâmetros apresentaram valores inferiores aos estabelecidos pela legislação vigente ou próximos a valores sugeridos pela literatura, não indicando prejuízos à qualidade de água em função das atividades do cultivo. As análises dos fluxos de GEE mostraram que a produção de moluscos não impactou o balanço natural de GEE nas áreas estudadas. A área de Penha teve maior emissão de GEE quando comparada ao Ribeirão e Palhoça, mas a análise dos dados indica que o aumento está relacionado a alterações de fatores biogeoquímicos na área a serem determinados em análise posterior. Outro fator destacado pelos professores é que há uma diferença nos parâmetros analisados entre as localidades estudadas, sendo que a Armação do Itapocoroy (Penha), por ter uma dinâmica oceanográfica maior, apresenta comportamento distinto em relação aos cultivos de Palhoça e do Ribeirão da Ilha, que estão localizados na Baía Sul de Florianópolis.
“Os resultados, de forma geral, comprovam que é visível que a produção de moluscos gera uma emissão de GEE significativamente menor do que a de outras cadeias produtivas de proteína animal, como a de carne de bovinos, por exemplo. Uma nova campanha de coleta de dados nestas áreas já está agendada para início de fevereiro de 2020″, comenta Manzoni, professor que coordena a ação.