Autópsia em gaivota mostra ação humana como causa da morte da ave marinha encontrada em Penha; Univali conscientiza sobre descarte correto de lixo


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A gaivota da imagem foi resgatada com vida no dia 30 de dezembro de 2022, na Praia Alegre, em Penha. No exame clínico de admissão, a equipe da Unidade de Estabilização de Animais Marinhos observou lesões nas patas, desidratação e ritmo cardíaco e respiratório acelerados.

Nas patas havia edema e cianose, desprendimento de pele, marcas de constrição na pele com ausência de circulação sanguínea e áreas necrosadas. As lesões causaram uma grave restrição de movimentos, o que impossibilitava a reabilitação e a soltura da ave, uma vez que as gaivotas têm o hábito de passar boa parte do seu dia caminhando na areia. Na região do tarso, as marcas lineares com aspecto circular sugerem que a constrição tenha sido causada por agressão humana. Outros casos de aves marinhas com as patas amarradas foram registrados pelas equipes e causaram ferimentos semelhantes.

A partir da avaliação clínica, a equipe médica optou pela eutanásia, em conformidade com as normas de bem-estar animal da Resolução número 714, de 2002, do Conselho Federal de Medicina Veterinária. Foi no exame de necropsia que as equipes encontraram batata frita, bacon e salsinha no estômago da gaivota. Os ferimentos nas patas podem ter influenciado a “escolha” pela batata frita: sem se locomover, a gaivota permaneceu na areia da praia e consumiu alimentos que não exigiam esforço físico para a caça.

A intoxicação alimentar é um problema de saúde que acomete as gaivotas e pode estar relacionado ao comportamento oportunista da espécie – sua dieta se dá pela oferta de alimento. Quadros clínicos de intoxicação alimentar em aves marinhas aumentam na temporada de Verão, pois o fluxo de pessoas nas praias faz com que a quantidade de lixo nesse ambiente seja maior. Aí que mora o perigo: quando encosta no chão, o alimento é contaminado principalmente por bactérias, vírus, fungos e suas respectivas toxinas.

Esses organismos infecciosos ingeridos por meio do alimento contaminado causam diarreia, desidratação intensa e rápida, perda de peso, dores abdominais etc., os sintomas clássicos de uma “virose”. Daí a importância de descartar nosso lixo de forma adequada e nunca alimentar animais selvagens.

A Unidade de Estabilização de Animais Marinhos da Univali é uma das instituições do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS). O PMP-BS é uma atividade desenvolvida para o atendimento de condicionante do licenciamento ambiental federal, conduzido pelo Ibama, das atividades da Petrobras de produção e escoamento de petróleo e gás natural na Bacia de Santos.

Tem como objetivo avaliar possíveis impactos das atividades de produção e escoamento de petróleo sobre as aves, tartarugas e mamíferos marinhos, através do monitoramento das praias e atendimento veterinário aos animais vivos e necropsia dos encontrados mortos. O PMP-BS é realizado desde Laguna (SC) até Saquarema (RJ), sendo dividido em 15 trechos. A Univali monitora o Trecho 4, compreendido entre Barra Velha e Governador Celso Ramos (SC).

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Imagem: Univali/Penha