O primeiro semestre de 2023 foi o mais “recheado” de recursos para a duplicação da BR-470 entre Navegantes e Indaial. Desde a assinatura da ordem de serviço, há exatos 10 anos, esta é a primeira vez que o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) tem um investimento tão reforçado para a obra. Foram R$ 100 milhões gastos até o momento. Houve época, nessa última década, que o total não chegou a R$ 50 milhões em um ano inteiro.
Naquele 18 de julho de 2013, a primeira assinatura da ordem de serviço para a duplicação dos lotes 3 e 4 encheu os moradores da região de alegria. Desde então, uma montanha-russa de sentimentos resume todos esses anos de espera. O da vez é a esperança.
Nos últimos meses, o vaivém de máquinas e homens trabalhando aumentou, mudou a dinâmica do trânsito e criou novos gargalos, como no trecho do Badenfurt e Fortaleza, em Blumenau. Os transtornos aos motoristas, no entanto, devem valer a pena, promete o DNIT, já que o viaduto do Badenfurt, por exemplo, será entregue no começo do próximo ano.
Toda a duplicação será finalizada até 2026, projeta ainda o órgão. Previsão bem diferente da anunciada há 10 anos. À época, a expectativa era deixar tudo pronto em até quatro anos anos. A realidade: os primeiros oito quilômetros duplicados foram entregues seis anos depois da assinatura, em 2019, entre Gaspar e Ilhota.
Alguns obstáculos atrasaram a caminhada. O maior deles, o orçamento. No primeiro ano de obras, o valor usado foi menor que R$ 50 milhões. Dois anos depois, também. O investimento só passou dos R$ 100 milhões anuais a partir de 2018. Entre altas e baixas, 2023 se torna o primeiro ano em que o montante total deve passar dos R$ 200 milhões.
A maioria dos demais problemas enfrentados pelo DNIT esbarra novamente no dinheiro. As desapropriações, por exemplo, são resolvidas com pagamentos. Falta comprar pouco mais de 100 imóveis, quase todos nos lotes 3 e 4. Para este segundo semestre está previsto um mutirão junto à Justiça Federal para abrir frentes de obra.
Outro fator de atraso neste momento é a tubulação da SCGás. Nos trechos onde é preciso transferir os tubos para a passagem das obras, o DNIT tem de aguardar pela concessionária estadual. Nem sempre os cronogramas batem, assim como o da Celesc, que precisa fazer deslocamentos da rede de energia elétrica para o andamento da obra.
Em nota, a SCGás explicou que só consegue atuar quando as áreas são desapropriadas. Assim, a empresa faz os projetos para remanejar as redes e depois disso executar as obras. Com o obstáculo das desapropriações, há o efeito dominó. Outra questão que envolve a situação, acrescenta ainda a SCGás, é que a duplicação reúne vários atores com diferentes funções.
Isso significa que às vezes há intermitência dos serviços — uma empresa depende da conclusão da atividade da outra para começar a sua parte. “Por isso, em várias ocasiões, ficamos mobilizados aguardando a liberação de áreas para trabalhar, mas isso é considerado normal para obras com essas características”, acrescenta a responsável pelas tubulações de gás.
A SCGás afirma também que tem conseguido honrar “os prazos firmados junto ao DNIT para a execução dessas obras”.
Os semestres com mais investimento na obra foram:
1º semestre 2023 – R$ 100,6 milhões
1º semestre 2022 – R$ 91,8 milhões
1º semestre 2020 – R$ 90,3 milhões
2º semestre 2019 – R$ 85,7 milhões
2º semestre 2022 – R$ 80,4 milhões
Próximos passos
Para este ano, o DNIT confirma a conclusão dos lotes 1 e 2, com exceção de três viadutos, em Navegantes (Km 4) e Gaspar (Km 35 e Km 39), que dependem da estabilização do solo, outro obstáculo encontrado durante os trabalhos.
Segundo o órgão, o lote 1, de Navegantes a Ilhota, está 83% pronto; o lote 2, entre Ilhota e Gaspar, 90%; o lote 3, entre Gaspar e Blumenau, 49%; e o lote 4, de Blumenau a Indaial, 48%. Ao longo dos 73 quilômetros de duplicação são 27 pontos com construção de viadutos e mais de 20 pontes sobre rios e ribeirões, somando quase 50 obras de “Arte Especiais”, como são chamadas pelo Departamento.
A BR-470 é uma rodovia com intenso fluxo urbano. A média é de que passam por dia mais de 23 mil veículos nas pistas que cortam a região.
Via Bianca Bertoli / NSC Total
Imagem: Governo Federal