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Escorpião amarelo é encontrado em residência da Praia de São Miguel; confira dicas pra evitar proliferação

Um morador da Rua Arno Becker, Praia de São Miguel, encontrou um escorpião amarelo em sua residência noite desta sexta-feira (06). O caso não é inédito, sendo que no início de dezembro de 2022 houve inclusive uma picada de escorpião amarelo contra outra pessoa da mesma localidade. Na ocasião, o responsável pela Vigilância Epidemiológica de Penha, Alexandre Deolindo, informou ao Penha Online que denúncias e alertas sobre a presença de mais escorpiões podem ser feitas diretamente à Vigilância Sanitária no telefone (47) 3347-1926, e órgão também recebe denúncias sobre focos de dengue no WhatsApp (47) 3345-8283 ou direto no site da Prefeitura de Penha.

“Infelizmente temos que nos preocupar com mais este problema. O escorpião amarelo é muito venenoso, se reproduz muito rápido. A principal fonte de alimento deles é a barata. Creio que como existe uma grande quantidade de matéria orgânica nas tubulações pluviais, alimento não vai faltar para os escorpiões. Infelizmente pelo descarte de frutos do mar de maneira errada, veremos um aumento nos casos de escorpião no bairro”, comenta uma moradora.

Proliferação

De acordo com Denise Candido, bióloga no Biotério de Artrópodes do Instituto Butantan, o aumento da incidência de escorpiões nas cidades se dá por vários fatores. Um deles fica por conta do aquecimento global: altas temperaturas colaboram na proliferação, já que esses animais gostam de climas mais quentes.

Tanto é que a distribuição das 30 espécies mais perigosas do mundo está concentrada nas regiões tropicais e subtropicais. “O desmatamento ajuda, porque vai entrando na área dos animais, invadindo a área deles e tirando a comida. Basicamente, o crescimento desordenado nas áreas urbanas é justificado pelo aquecimento e o desmatamento”, explica.

Vale ressaltar que duas das espécies mais perigosas no Brasil – serrulatus e stigmurus – reproduzem-se assexuadamente por partenogênese, em que os óvulos se desenvolvem diretamente em embriões, sem serem fecundados. Isso contribui no aumento significativo da população de escorpiões. “Em transporte de madeira ou frutas, por exemplo, caixas que vêm de outras regiões, você pode trazer um exemplar de um filhote do escorpião amarelo e ele vai levar cerca de 10 meses para ficar adulto. Quando ele crescer não vai precisar ter outro; ele sozinho vai ter uma cria de 20 a 25 filhotes”, explica a bióloga.

Controle dos escorpiões

Segundo o Manual de Controle de Escorpiões, elaborado pelo Ministério da Saúde, a erradicação dessas espécies não é possível e nem viável; o que precisa ser feito é um controle em cima dessa população. Em São Paulo, por exemplo, órgãos competentes têm articulado programas de controle juntamente com o serviço de Controle de Zoonoses da Prefeitura.

As iniciativas consistem em intervenção nas áreas de risco, em que a gerência do Serviço de Saúde do município – que controla os acidentes – planeja as ações com base na avaliação da situação de ocorrência de escorpiões. Buscas ativas são realizadas dentro e fora das casas, visando a captura dos escorpiões, conhecimento e melhorias dos ambientes que são favoráveis à ocorrência e proliferação e, principalmente, a conscientização dos moradores.

Sobre a utilização de produtos químicos no controle de escorpiões, a bióloga Denise avalia: “Seguimos as recomendações dadas pelo Ministério da Saúde, em que nós não aconselhamos a utilização de produto químico no controle de escorpião. Porque são animais bastante evoluídos, têm resistência muito grande e vários órgãos sensoriais que ajudam eles a se desenvolver. Os produtos químicos passam uma falsa sensação de segurança. É preciso um trabalho minucioso de controle ambiental, e não utilizar inseticida, pois eles não são insetos”.

Como proceder em caso de acidente

Os acidentes por escorpiões podem ser divididos em três tipos – leves, moderados ou graves – e são mais frequentes na primavera e no verão, épocas em que a população do aracnídeo aumenta devido ao período de reprodução. O veneno, por ser neurotóxico, é capaz de mexer com todo o sistema nervoso e pode causar muita dor no local da picada, podendo se estender para o membro inteiro. Nesse caso, o médico faz infiltração de anestésico para que a dor fique localizada e diminua rapidamente.

Evoluindo para o caso moderado, a dor ficará mais intensa e o acidente pode causar suor excessivo, náuseas e vômitos, e a partir daí o moderado se torna grave. O agravamento leva à salivação, insuficiência cardíaca, edema pulmonar e até mesmo ao óbito. Para esses dois casos, utiliza-se a soroterapia. O médico avalia quantas ampolas serão necessárias de acordo com a evolução do caso, e o paciente pode ficar internado e em observação. Levar o animal para o atendimento médico pode ajudar a fazer o tratamento adequado mais rapidamente.

Após o acidente, Denise Candido recomenda não ingerir nada, muito menos bebida alcoólica. Nada disso vai amenizar a dor e nem agir contra o veneno. Também não é correto colocar gelo ou água fria no local da picada: isso faz com que a dor fique muito maior. A única coisa que age contra o veneno é o soro antiaracnídico e antiescorpiônico.

O que deve ser feito: em primeiro lugar, lavar o local da picada com água e sabão. Para aliviar a dor, pode ser feita compressa de água morna ou quente no local da picada. Depois, é preciso procurar o serviço de saúde mais próximo para fazer o atendimento apropriado e encaminhar o paciente aos locais indicados, disponíveis nos sites do Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE) do Ministério da Saúde. É importante saber que qualquer unidade de saúde vai encaminhar para um local que tenha soro.

Saiba o que fazer se encontrar um escorpião

É importante tomar muito cuidado ao encontrar um escorpião. Não pode colocar a mão e nem pisar. A bióloga Denise Candido explica que há casos em que as pessoas pisam na parte da frente do escorpião, se esquecendo que eles picam com a cauda.

Se for possível, é recomendado coletar o escorpião vivo para que ele possa ser identificado. Mas se a pessoa estiver em local isolado e sem condições de coletar o animal, pode sim matá-lo, e em seguida colocá-lo em um vidro com álcool. Depois, ela deve entrar em contato com o Instituto Butantan ou com o Controle de Zoonoses da cidade para a identificação e registro da espécie. Assim, é possível monitorar e verificar se na região aparecem mais casos.

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