Mais de 10 tartarugas marinhas são encontradas mortas após emalhe em rede de pesca


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A Univali – Unidade Penha, por meio do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS), atendeu a um chamado para o recolhimento de 12 tartarugas marinhas encontradas sem vida na Praia da Barrinha, em Barra Velha. Todos os animais eram juvenis da espécie tartaruga-verde, comum nas praias de Santa Catarina.

Uma tartaruga foi deslocada ainda com vida e passa por tratamento veterinário na Unidade de Estabilização de Animais Marinhos da Univali, em Penha. No exame de admissão, apesar do bom escore corporal, alguns sinais clínicos no sistema respiratório evidenciavam as complicações geradas pelo afogamento devido ao aprisionamento no petrecho. O paciente vivo foi prontamente atendido pela equipe de médicos veterinários e tratadores. No exame externo, a equipe observou algumas marcas lineares e constritivas compatíveis com rede de pesca na área dorsal do pescoço e na nadadeira peitoral. A tartaruga recebeu medicação adequada ao quadro clínico e passará pelos cuidados da fase de estabilização, até que suas condições de saúde permitam o deslocamento para a instituição responsável pela reabilitação e soltura na natureza.

Os animais foram removidos de uma rede de pesca irregular armada próximo à praia, tornando suscetível a captura acidental de espécies não alvo da pescaria. Moradores notaram a presença das tartarugas emalhadas e fizeram a remoção dos indivíduos. Outros animais encontrados vivos foram soltos e devolvidos ao mar no momento da remoção, já as 12 carcaças mortas e uma viva foram levadas até a praia para o recolhimento e o resgate feito pela equipe técnica do PMP-BS.

Todas as carcaças passaram por coleta de dados biométricos para identificação da espécie. As tartarugas registradas mortas passarão por exame de necropsia, uma análise minuciosa dos órgãos para identificação de lesões viscerais que podem comprovar a morte por afogamento. Os resultados dos exames anatomopatológico, com considerações sobre as condições externa e interna da carcaça, assim como os achados histopatológicos serão divulgados após o processamento das análises, que pode levar em torno de 30 dias.

Redes irregulares são as redes de pesca armadas fora das normas regulamentadas pelos órgãos ambientais fiscalizadores. Entre as principais regras está o distanciamento adequado entre o petrecho e as áreas costeiras. Isso porque muitos animais, assim como as tartarugas-verde, habitam essas zonas durante fases específicas da vida. Redes de pesca irregulares podem causar a morte de inúmeros animais que não são o alvo da pescaria. As tartarugas são altamente ameaças pela inconsciência no uso do petrecho.

Por serem seres vivos pulmonados, animais como as tartarugas, as aves e os mamíferos marinhos precisam retornar à superfície da água para respirar, assim como os seres humanos – e diferente dos peixes, que possuem capacidade biológica para respirar embaixo d’água. Ao ficarem presos em redes de pesca, esses animais gastam suas energias na tentativa de se desemalhar, ingerem água que chega aos pulmões e iniciam um quadro de debilidade. Quando não encontrados em tempo hábil, morrem afogados ou por complicações relacionadas ao aprisionamento.

O afogamento gera um líquido espumoso nos pulmões, lesão observada a olho nu a partir de um exame de necropsia. Na carcaça, o emalhe gera ferimentos pela fricção do fio pressionado à pele notados principalmente nas nadadeiras e na região do pescoço. São essas as principais buscas que a equipe técnica fará nos dias seguintes à ocorrência. Dependendo do estado de integridade interna das carcaças, a equipe realiza a coleta de amostras biológicas para exames complementares, como análises histopatológicas, para confirmar possíveis alterações a nível celular.

A Unidade de Estabilização de Animais Marinhos da Univali é uma das instituições do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS). O PMP-BS é uma atividade desenvolvida para o atendimento de condicionante do licenciamento ambiental federal, conduzido pelo Ibama, das atividades da Petrobras de produção e escoamento de petróleo e gás natural na Bacia de Santos. Tem como objetivo avaliar possíveis impactos das atividades de produção e escoamento de petróleo sobre as aves, tartarugas e mamíferos marinhos, através do monitoramento das praias e atendimento veterinário aos animais vivos e necropsia dos encontrados mortos.

O PMP-BS é realizado desde Laguna (SC) até Saquarema (RJ), sendo dividido em 15 trechos. A Univali monitora o Trecho 4, compreendido entre Barra Velha e Governador Celso Ramos (SC).

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Imagem: Univali/Penha