Um médico que atende na rede municipal de Penha, foi alvo de ataque racista, xenofóbico e discriminatório, na manhã desta quarta-feira (07). O médico Oscar trabalhava na Unidade Básica de Saúde do Centro, quando chamou a paciente V. P. V. para o atendimento. Durante a consulta, Dr. Oscar constatou que a mulher estava em crise hipertensiva, momento em que a mulher perguntou ao médico o seu local de nascimento, utilizando-se de olhar julgador e de desprezo. “Ela disse que não queria ser atendida por Cubano”, relatou ele no boletim de ocorrência.
Diante do questionamento, o médico respondeu com educação, detalhando o local onde nasceu e onde se formou. Neste ínterim, a paciente V. P. V. questionou ao Dr. Oscar sobre a faculdade e o local de procedência, e por qual razão ele “saiu daquele fim de mundo e veio pra cá”. O médico novamente respondeu com educação e ofereceu um remédio para o problema de saúde física que a paciente apresentara durante a consulta, no entanto a mulher se negou a receber conduta “desse tipo de profissional”.
Neste momento, Dr. Oscar explicou sobre a necessidade de a paciente aceitar e tomar o remédio, e em seguida chamou uma enfermeira para ficar a par do caso e repassar o atendimento a outro profissional, que se fazia bastante necessário em razão do quadro de saúde da paciente.
Neste instante, V. P. V. afirmou que só queria ser atendida por “médico original do Sul”. Diante dos fatos, a enfermeira informou a paciente sobre os crimes que ela tinha acabado de cometer contra o médico, e a Polícia Militar foi acionada, comparecendo na UBS para confecção do boletim de ocorrência. V. P. V. não foi encontrada no local do crime, uma vez que havia deixando a UBS Central para ir até o Pronto Atendimento de Penha.
A tarde, o médico falou com o Penha Online sobre o caso: “No início eu não consegui captar e compreender a agressão, até porque eu estava preocupado com a pressão alta dela. Mas ela não quis entrar na sala e a primeira coisa que ela perguntou foi onde eu era nascido. Eu respondi e ela disse que não queria ser atendido por um cubano, aí eu respondi que não sou cubano, sou civilmente brasileiro. E ela olhando pra mim com nojo, mas eu continuei realizando um atendimento empático, tentando criar vínculo, afinal era a primeira vez que eu atendia ela. Daí ela perguntou porque eu saí daquele “buraco” de Rondônia. Eu sorri e falei: ‘olha, a sua pressão tá alta, pegue o remédio’. Ela não quis. Chamei uma enfermeira porque não podíamos deixar ela sair da UBS sem atendimento, pois com a pressão alta ela podia ter AVC ou infarte. Eu expliquei, conversei, que era médico, fiz concurso público. Mas quando ela continuou me tratando daquele jeito, a enfermeira falou dos crimes e eu até me espantei quando me dei conta. Ao ser informada que eu ia fazer o boletim de ocorrência, ela desdenhou e disse que não queria ser atendida por mais ninguém ali, até porque o outro médico era cabeludo. Pessoas que escutaram ela comentando fora da unidade ‘qual é o problema de eu não querer ser atendida por um negro ou cubano’, vieram até mim dar apoio e se dispuseram a serem testemunhas”.
A Secretaria de Saúde de Penha, através do secretário Rodrigo Medeiros, informou ao Penha Online que todo auxílio será prestado médico, e que a pasta não compactua com estas atitudes.
A partir do Boletim de Ocorrência, os trâmites legais poderão levar a mulher a responder criminalmente.