Pânico leva moradores a relatarem falsos casos de coronavírus
Como em outras recentes crises no país, novamente os boatos, fakenews e conclusões precipitadas ameaçam agravar ainda mais a situação. Em Penha não é diferente: com seis casos suspeitos de coronavírus, um já descartado, muitos moradores temendo que eles ou seus parentes estejam com a doença, por manifestarem alguns sintomas, dizem que estão sob suspeita ou até mesmo com o vírus, ou conheceram alguém que está.
“Essa atitude só aumenta o pânico da população, pois leva pessoas saudáveis até as unidades de saúde, que por ser um local onde doentes buscam tratamento, obviamente é um local onde as pessoas podem se contaminar”, avisa o secretário de saúde Sérgio de Mello. Mesmo com a criação de uma sala de espera exclusiva para pessoas com sintomas vistos em casos de coranovírus no Pronto-Atendimento de Penha, o risco de contágio continua alto em qualquer unidade de saúde do município ou do país. “Já é orientado não ter aglomero em lojas, comércios e locais públicos, até na praia. O que dirá dentro de uma unidade de saúde”, observa Sérgio. Para evitar isso, a secretaria está incentivando os moradores a ligarem para as unidades de saúde antes, buscando orientação se devem ou não ir buscar o atendimento médico. Uma lista de telefones está sendo amplamente divulgada nas redes sociais.
O principal motivo da confusão é por conta dos sintomas da gripe e do resfriado serem muito comuns ao do COVID-19. Por isso, a orientação das autoridades de saúde é que os sintomas iniciais da gripe sejam tratados como gripe, com os pacientes esperando 24 horas antes de buscar atendimento presencial numa unidade de saúde. “Somente quando os sintomas de febre, dor de cabeça e fadiga se juntarem os sintomas de tosse e falta de ar, é recomendado buscar o atendimento”, aconselha a enfermeira da saúde epidemiológica Jaine Spricigo.
Outra situação é que, em virtude da mudança no cenário epidemiológico de Santa Catarina, com o registro de transmissão comunitária do coronavírus, a secretaria de saúde do estado decretou alterações nos critérios para o monitoramento dos casos e coleta de amostras. Agora, somente pacientes com febre, tosse e dispneia, com outros sinais e sintomas de doença respiratória que estiverem INTERNADOS, são notificados para fazer a coleta de amostras com objetivo de comprovar o contágio por coronavírus. Por conta disso, pacientes com sintomas de gripe, mesmo que tenham histórico de viagem ou que sejam contato de casos suspeito ou confirmado e que não precisem de internação, não serão mais notificados.
Como para diagnostico oficial dentro do SUS só é válido o exame do laboratório LACEN, credenciado no Ministério da Saúde, a cidade não pode contratar ou comprar outras alternativas de exame. Mas a secretaria de saúde garante que todos os pacientes com sintomas correlatos de covid-19 continuarão sendo monitorados pela Saúde de Penha, que estará atenta a evolução dos casos.
“É importante salientar que todos os casos suspeitos de moradores de Penha, sejam eles atendidos ou não no município, são registrados pela própria secretaria de saúde do estado, através de um banco de dados estadual”, comenta Sérgio de Mello. “Não existem outros casos registrados de moradores de Penha com suspeita de estarem contaminados pelo vírus do que os anunciados até agora. É preciso que os moradores tomem cuidado com fakenews e não as reproduzam, pois a desinformação leva ao pânico”, adverte. “A melhor proteção contra o covid-19 ainda é o isolamento máximo”, aconselhou.