Na tarde desta terça-feira foi realizado uma reunião no auditório da Secretaria de Educação de Penha para formalizar a cessão de uso de imóvel onde o CMBA virá a abrigar mulheres e crianças vítimas de violência doméstica.
O Sargento Guilherme foi o primeiro se pronunciar e no início de sua participação exibiu um vídeo aos presentes com gravações reais de atendimentos telefônicos feitos por policiais às mulheres vítimas de violência doméstica. “Nesse momento enquanto estamos aqui, alguma de nossas viaturas possivelmente está atendendo a uma ocorrência dessa, aqui no nosso quintal, aqui na rua do lado. Normalmente essas ocorrências acabam acontecendo entre quatro paredes e as pessoas não se dão conta dentro daquela perspectiva de que em briga de marido e mulher não se mete a colher”, comentou o Sargento.
Segundo ele as políticas públicas estão evoluindo e a imprensa tem trabalhado essa questão para que se crie essa consciência coletiva de não agressão: “em 2018 cerca de 16 milhões de brasileiras sofreram algum tipo de violência doméstica. Desse total, 4.7 milhões foram vítimas de agressão física, isso significa que a cada hora 536 mulheres foram agredidas, sendo que em mais de 76% dos casos, os agressores eram alguém conhecido. Detalhando mais, quase 24% desse total era cônjuges ou namorados, pouco mais de 21% vizinhos e 15% ex-companheiros. A Polícia Militar atendeu 10.241 ocorrência de violência contra mulher no ano de 2015 e o número cresceu a ponto de chegar em 25.975 em 2019”.
O Sargento Guilherme contou também que no mesmo ano houve um crescimento de 11,3% de vítimas de feminicídio no país, elevando o número de vítimas para 1.206. Já o número de estupro foi de 180 por dia. Em 2020 foram 59 feminicídios em Santa Catarina, sendo que nos últimos dois anos, foram dois casos em Penha. O sargento também falou sobre a Rede Catarina, que veio para trazer uma solução tecnológica às vítimas através de ações protetivas, policiamento direcionado através da patrulha Maria da Penha e o botão pânico onde as mulheres podem acionar socorro através de um único toque dentro do aplicativo.
Na sequência as representantes do CMBA (Coletivo Mulheres do Brasil em Ação), Tere e Regina, falaram sobre ações do grupo e contaram alguns casos de violência atendidos e como o coletivo tornou-se o abrigo das mulheres e crianças logo após receberem o atendimento dos policiais.
O presidente de Câmara de Vereadores, Maurício Brockveld lembrou da criação da Procuradoria Especial da Mulher da Câmara de Vereadores de Penha em 2017 e citou que Penha é referência hoje no Estado quando se fala em atendimento às mulheres vítimas de agressões através da Procuradoria, Rede Catarina, Sala Lilás que está para ser implantada na Delegacia de Polícia Civil e agora com a sala que vai ser cedida para o CMBA utilizar de abrigo às vítimas junto ao prédio do Fórum, na Praia Alegre.
Por fim falaram vice-prefeita e prefeito de Penha, explanando um pouco mais sobre a violência doméstica e atuação do município no problema. Ao final do evento houve a assinatura dos documentos, para ceder ao CMBA a sala que vai servir de acolhimento às mulheres e crianças vítimas de violência doméstica.