Conforme noticiado em primeira mão pelo Penha Online na noite de ontem, o prefeito Aquiles anunciou oficialmente na tarde de hoje, a extinção da concessão entre o Município e a concessionária Águas de Penha, responsável pelo abastecimento local. Aquiles conversou com jornalistas em coletiva de imprensa na tarde desta terça-feira, 14 de janeiro, na Câmara de Vereadores, quando oficializou a decisão administrativa, ao lado do procurador jurídico do Município, Janilto Raulino, e do gestor de águas Eduardo Bueno, o Duda.
Dada a extinção, a Prefeitura assume agora o sistema, e poderá em caráter emergencial contratar uma empresa gestora por 180 dias, período em que elaborará novo edital visando estabelecer nova concorrência. De acordo com a Prefeitura, a concessionária já foi notificada da decisão e terá 10 dias para recorrer.
Na visão do prefeito de Penha, todo um histórico negativo da Águas de Penha foi somando-se aos períodos agudos de colapso no abastecimento, nos dois últimos picos da temporada (entre 2018 e 2019 e entre 2019 e 2020), sem que a empresa se posicionasse de maneira efetiva para evitar a crise hídrica. Na visão do prefeito, esse descumprimento contratual colaborou para deixar a população sem água, já que a Casan continua abastecendo o Município, mesmo sem capacidade para atender Penha e Balneário Piçarras. A previsão era de que a nova captação fosse instalada já em 2017, o que não ocorreu.
Antes de atender as questões formuladas por jornalistas locais, regionais e estaduais, Aquiles apresentou o relatório da comissão de processo administrativo composta por servidores públicos e a procuradoria jurídica, nomeada em abril do ano passado, apontando as situações que, na análise da Prefeitura, mostram irregularidades por parte da concessionária, e que resultaram na decisão local. Outro ponto em que o prefeito se baseou foi o parecer do Ministério Público do Tribunal de Contas do Estado, em 2016, que aponta irregularidades no contrato da empresa, e também do não cumprimento de cláusulas de responsabilidade da concessionária.
A sindicância nomeada por Aquiles não apenas evidenciou o que já havia sido apontado pelo MP – a nulidade do contrato -, mas também a ampliação irregular do prazo de concessão previsto pelo Plano Municipal de Saneamento (PMSB), de 20 para 35 anos – iniciativa que inclusive foi alvo de inquérito do MP de Balneário Piçarras, e a não-aceitação da repactuação proposta já pelo atual Governo Municipal, em 2017. Segundo Aquiles, a concessionária queria, ao repactuar, aumentar tarifas, possibilidade que a Prefeitura rechaçou desde o início.
Na visão do prefeito e assessoria, também não se entende como foi assinado um contrato em que, por exemplo, não havia várias previsões orçamentárias para arcar com desapropriações e licenças ambientais.
Outro ponto que a concessionária alega – que o Poder Executivo não protocolou o pedido de licenciamentos ambientais para dar início a vários investimentos – também não se sustenta. “Faltou o acordo previsto na documentação, de que o uso do solo e subsolo precisa de certidões que a concessionária deveria buscar junto a outros municípios”, observa o procurador Janilto Raulino.
A partir de agora, o Governo Municipal defende um prazo menor para a implantação do sistema de captação e saneamento, que, por exemplo, leve o esgoto sanitário para a Praia de São Miguel. Sobre eventuais indenizações, a Procuradoria Jurídica indica que somente um laudo técnico apontará o que foi investido – mas observa que inclusive a concessionária poderá ressarcir a cidade, hipoteticamente, pois teria arrecadado cinco vezes mais do que aplicou em melhorias de 2015 para cá.
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