Prefeitura de Penha não cumpre ordem judicial de proibir trânsito no parque linear e moradores improvisam sinalização e bloqueios


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Um comerciante da orla estabelecido no Parque Linear de Penha fez um protesto original: ele proibiu a circulação de veículos no local, para reforçar a ideia da importância de que esse trajeto seja para caminhadas, ciclismo, skate e ações sustentáveis, com menos veículos e poluição. “Queremos um parque linear sem a circulação de veículos”, indica a faixa instalada pelo comerciante em frente ao seu estabelecimento. Outros dois bloqueios foram também instalados na avenida. “Eu acho que belas atitudes tomadas; têm que ser divulgadas para que as pessoas vejam que a bagunça não vai ganhar, porque está uma vergonha isso aqui. Tu não tens condições de caminhar no parque linear aqui porque os carros tocam por cima de ti. E as pessoas estão bebendo, bebendo, entrando nos seus carros e saindo. Então eu adorei a ação esse proprietário. Bela atitude”, considerou a internauta, leitora do Penha Online, que registrou a manifestação do empreendedor.
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Independente da opinião dele, o trânsito está efetivamente proibido no local a partir de uma ordem judicial expedida em uma das várias audiências judiciais sobre o parque linear, quando o município foi obrigado a instalar placas e tubos para impedir a circulação de veículos ao longo da orla. A decisão da Justiça, no entanto, segue sendo livremente desrespeitada há meses.
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Vale ressaltar que a ideia original do parque linear da orla de Penha, entre as praias do Quilombo e Armação do Itapcoroy, era de que inicialmente seria uma área vetada à circulação de veículos. Em 2019, o prefeito Aquiles da Costa reuniu lideranças do trade turístico e do comércio e empresariado local, além de ativistas ambientais e assessores, para a apresentação do projeto do parque, desenvolvido pela Associação de Municípios da Foz do Rio Itajaí (AMFRI). Na ocasião, Aquiles reforçou que a opção era por um trajeto linear sem tráfego de veículos, conforme foi solicitado pela população de Penha. Estranhamente, anos depois, o projeto foi alterado sem explicações à população.
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Foi também em 2019 que o prefeito consultou a comunidade, em seu facebook, acerca do que os internautas gostariam: um parque linear com calçadões e demais equipamentos, mas vetado à circulação de automóveis, ou um trajeto aberto com avenida e fluxo à beira-mar. O prefeito confirmou que 77% dos internautas que votaram na consulta pública da prefeitura reivindicaram o calçadão, sem carros. Na ocasião, a ideia foi aprovada pela Associação da Praia do Quilombo (Amaq), Associação de Moradores da Praia Grande, Cascalho e Poá (Amapg), Projeto Orla, Conselho Municipal de Meio Ambiente (Condema), Câmara de Vereadores, Conselho da Cidade (Concidade), Desenvolvimento Econômico Local (DEL), entre outros.
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Adelina Cristina Pinto, a Kika, que atuava junto à Secretaria de Patrimônio da União (SPU) e hoje está na AMFRI, atestou na época que a proposta mais sustentável era realmente a que vetava os veículos. O trecho do parque linear é estimado em 4km, e vai da orla do Quilombo até Armação do Itapocoróy, passando por praias importantes, como Fortaleza, Pedrinhas e outras, até chegar à região do coreto e do trapiche. O projeto, nos últimos anos, passou por embargos judiciais, até a prefeita conseguir sua liberação e, teoricamente, começar a obra. Teoricamente porque, atualmente, o parque sofre com denúncias de falta de transparência e paralisações permanentes por parte do Município.
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