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Servidor da Educação de Penha denuncia situação crítica e grave em escola municipal

Um forte relato de uma pessoa que trabalha na Escola João Batista da Cruz, no Mariscal, Penha, chegou ao Penha Online a partir do protesto realizado por pais no início da semana, quando nossa reportagem esteve no local para ouvir mães de estudantes, que se manifestaram em função da falta de professores. Este novo relato, vindo de uma pessoa que diariamente convive do lado dentro dos muros da escola, lidando com todas as dificuldades, choca pela riqueza de detalhes e por expor a dura realidade de servidores municipais da Secretaria de Educação, que além de tudo, seguem trabalhando com medo devido à falta de guardas/seguranças na unidades escolares. Confira o depoimento na íntegra abaixo.

“A situação na escola do Mariscal tá insustentável. As mães estavam corretíssimas naquela manifestação que fizeram essa semana. Faltam vários professores, a Secretaria de Educação tem mandado gente pra cobrir aula ali e deixando de fazer o trabalho de base no esporte, mandam estagiário que não poderia estar em sala de aula, mas tem que botar. Tem estagiário que falta e mandam gente pra cobrir, não tem um dia, não tem uma pessoa fixa. A coordenadora do Ensino Fundamental tá dando aula pro 1° ano, é um absurdo isso. Com toda a responsabilidade de coordenar o Ensino Fundamental no município, tá em sala de aula, daí tem horas que ela não vai porque tem as atribuições dela, daí outros vão cobrir, daí caem professores doentes, já tem dois professores doentes. Não tem professor de inglês, de artes plásticas, educação física, cultura digital, sustentabilidade para o 1° e 2° ano, professor regente para o 5° ano, pro 1° ano também, falta professor de teatro. A gente tá trabalhando assim… os professores esse ano decidiram que não têm que ficar cobrindo aula porque serão a Secretaria vai achar que tá tudo certo se os professores estão trabalhando em dobro. Foi decidido que os professores iam começar a se mobilizar também. Pedimos uma convocação com a secretária de Educação, queremos saber qual é o prazo, pois entramos março sem professor, é um absurdo, sem segundo professor, se não resolverem a gente vai elaborar um documento detalhando todos os problemas da escola e expor a público. Ou vamos parar pelo menos um dia em protesto. O professor Paulo, que você fez matéria com ele porque ele recebia as crianças no portão, foi atacado duas vezes no mesmo dia, por crianças com laudo, uma criança que tentou morder ele e a outra , um guri que nem era aluno dele, atacou com uma pedra enorme pelas costas. Daí tem uma professor ali que tem medo de um desses meninos, porque é altamente agressivo e não tem segundo professor. Tá assim… insustentável. Elevando o nível de stress de todos. A escola era pra contar com quatro especialistas. Ano passado foram três, daí final do ano tirar um ainda. É uma escola integral e só tem um especialista pra cuidar das crianças especiais e de todos os alunos e de orientar professores. Todo o trabalho lindo feito ano passado, em um mês desse ano foi tudo por água abaixo. A violência voltou pra dentro da escola, alunos brigando, a gente não consegue controlar, pois faltam professores, os tapa buracos que a Secretaria manda não dá. Daí todos tentam cuidar dos mais pequenos e deixar os maiores, mas uma hora também tem que cuidar dos maiores… e é material de criança destruído, voltou a ocorrer furto, que já não tinha mais, ano passado tínhamos uma estratégia ano passado, de as crianças sempre terem o que fazer… agora voltou, eles já perceberam que a escola tava uma zona. Toda aquela cultura de violência do entorno, tá na escola de novo. Tá insustentável. Não foi planejado a entrada do ano com a contratação de professores, que não previu que ficaria um tempo sem profissionais cuidando as crianças especiais em função desse projeto novo. E escola aqui é integral e é diferenciada e tem também a tensão que existe na comunidade. Ano passado tinha que ter feito o processo seletivo pra ACT e os concursos, já era pra ter chamado. Não tem argumento que justifique. Só estando no cotidiano ali pra ver, é muito forte a cultura da violência, do desregramento social. Isso daí contamina as outras crianças né. Começar o ano sem professores é criminoso”, detalhou. Há também os casos onde algumas crianças ociosas ficam brincando por vezes sem supervisão, o que acarreta acidentes como o ocorrido na imagem que ilustra esta publicação, quando o choque entre dois estudantes causou um corte na testa de uma criança de 7 anos, conforme contou ao Penha Online a mãe do estudante. O Penha Online procurou a direção e o especialista da escola. A diretora não foi encontrada. Já o especialista não negou que a escola passa por problemas pela falta de professores, mas negou que o acidente na quadra tenha sido consequência da falta de professores. “Os meninos estavam ali sob a orientação de um professor da Fundação Municipal de Esporte, de excelência. Aí menino, eles correram, um deles, vamos dizer assim, invadiu a raia no outro, né? E aí o outro, aí se esbarraram, o outro caiu assim, né, em direção ao chão, e o outro virou a cabeça assim pra cima e abriu a boca. Com isso, o dente dele pegou na testa do menino, na testa, na sobrancelha e na testa ali. Aí houve esse acidente, né? A gente chamou o bombeiro na hora e tal. Até fui eu que fiz o primeiro atendimento com o menino de tirar todo o sangue, porque saiu muito sangue do menino ali, né? Levou uns pontos ali, foi pro hospital e tal. Mas ali foi um acidente, daquelas coisas que realmente acontecem em escola. Aquilo ali poderia ter acontecido, mesmo se a gente estivesse numa situação de todos os professores, poderia ter acontecido também, ali não são essas coisas que não tem como me evitar, porque eu estou na atividade física lá, do correr e tal, até foi muito engraçado o menino que cortou a testa e levou o ponto, estava muito de boa, o outro que só machucou o queixinho e um pouquinho o dentinho, porque o dente dele é que rasgou a carne ali da testa, que era tadinho, estava chorando desesperado, mas ali não tem, mas esse acidente realmente não teve nada com a foto de professores”, informou. Assim, atendendo ao pedido, o Penha Online deixa aqui publicamente o relato acima, por meio do qual a pessoa que denuncia busca melhorias não só para servidores da escola em questão, mas também para todas as unidades de ensino do município de Penha.