Com a inauguração atrasada em 12 anos do Contorno Viário da Grande Florianópolis, e a nítida melhora na fluidez do transporte de carga e no conforto para o motorista, os olhares estão concentrados, agora, para o colapso do trecho Norte da BR-101. Curiosamente, o trânsito na região de Itajaí, Navegantes e Balneário Camboriú já estava até pior do que na região metropolitana da capital. A estrada está completamente saturada, com característica de avenida. Caminhoneiros perdem mais tempo em seus deslocamentos, gasta-se mais combustível, lançam-se mais gases na atmosfera e poluição no ar em meio a uma escancarada crise climática.
Conforme opina o colunista Renato Igor, da NSC TV, perde-se competitividade e o humor dos motoristas nas filas e as terríveis perdas humanas com os acidentes que deixam famílias sem seus entes queridos. É muito simples entender como chegamos a esta situação: Santa Catarina adotou, nos últimos 15 anos, uma política fiscal agressiva e exitosa. Empresas escolheram o estado para importar seus produtos e insumos. Criou-se um mercado pujante no setor logístico e a arrecadação subiu de forma exponencial. O crescimento econômico da região não veio acompanhado do aumento da oferta de infraestrutura. Faltou planejamento e investimento. A estrada permaneceu praticamente a mesma. Deu no que deu.
Alternativas
Santa Catarina precisa de uma articulação estadual, integrada, envolvendo entidades, governos municipais e estaduais, União, Alesc e Câmaras Municipais, que, embasados em estudos técnicos, estabeleçam um planejamento estratégico de curto, médio e longo prazos. E um plano de ação a partir disso.
É preciso entender o que vai entrar de obra na otimização do contrato de dilatação de prazo de concessão com a Arteris. A Federação do Transporte de Carga (Fetrancesc) entende que melhorias no leito atual da estrada, com terceiras faixas e marginais são paliativos que não resolvem o problema, uma espécie de solução “puxadinho”.
A rodovia paralela à BR-101 precisa estar na agenda. É de longo prazo, mas representaria a continuidade do contorno viário até Joinville. Obra cara, estimada em até R$ 6 bilhões, em números imprecisos, mas precisa estar no radar. O Estado já tem estudo de viabilidade e avança na contratação dos estudos ambientais. Além disso, precisamos avançar em ferrovias e aderir ao projeto federal de concessões de estradas estaduais, realizado ainda no governo Bolsonaro.
O modelo é híbrido e separa o estado em lotes com estradas federais e estaduais no mesmo pacote, para se tornar atraente ao investidor.
O governador Jorginho Mello já adiantou que, na gestão atual, a estrada estadual não será pedagiada. A ideia é recuperar primeiro a malha viária estadual, o que deixaria os pedágios mais baratos no futuro.
Desafio
Santa Catarina precisa entender que a Reforma Tributária irá acabar com a guerra fiscal em 10 anos. Assim, teremos que apresentar outros motivos para as empresas permanecerem aqui. Temos cinco portos que só não crescem mais devido à burocracia e falta de infraestrutura no entorno. Capital humano nós temos. O que falta é investimento pesado em infraestrutura.
Jorginho cobra ANTT por solução no trecho norte da BR-101 em SC
O governador de Santa Catarina Jorginho Mello (PL), em conversa com a coluna, fez duras críticas à Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT). Ele entende que o colapso da BR-101 Norte precisa imediatamente da construção de uma terceira faixa entre Biguaçu e Navegantes, e que “se discuta isso na renovação da concessão com a Arteris”.
Mello diz que está cobrando há meses uma posição da ANTT, que ainda não veio.
Imagem: Penha Online / arquivo