Univali de Penha divulga número de toninhas encalhadas na região no mês de julho
O número total de ocorrências de encalhes de toninhas (Pontoporia blainvillei) em julho, no trecho de praias monitorado pela Univali – Unidade Penha, chamou a atenção. Foram 11 registros da espécie na zona de praia do Litoral Centro-Norte. Todos os registros foram de animais mortos e quase metade dos golfinhos tinha alguma evidência de interação com as atividades pesqueiras.
Os golfinhos foram registrados pelas equipes do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS), que diariamente verificam a ocorrência de animais marinhos na zona de praia entre Barra Velha à Governador Celso Ramos. Sobre a localização das carcaças no momento do encalhe nas praias, cinco toninhas foram encontradas em praias de Penha, três em Barra Velha, duas em Navegantes e uma em Porto Belo.
Segundo as informações reportadas pelas equipes técnicas, das 11 toninhas encontradas em julho, cinco eram machos, duas eram fêmeas e quatro indivíduos não tiveram o sexo definido. Apenas duas toninhas eram adultas, outras sete juvenis e duas com estágio de desenvolvimento indefinido.
Algumas informações são perdidas devido ao nível de integração das carcaças, que varia de acordo com o estágio de decomposição, predação por animais necrófagos, como os urubus, e até mesmo pela interação humana, como o vandalismo. Por isso, algumas informações biométricas são marcadas como “indefinidas”.
Quatro golfinhos apresentaram evidências com interação antrópica, as ações humanas. Três indivíduos tinham marcas na extensão do corpo associadas a redes. O olhar técnico consegue diferenciar as marcas naturais e de interação com outros animais das marcas feitas por petrechos pesqueiros.
De acordo com o oceanógrafo e coordenador da Unidade de Estabilização de Animais Marinhos da Univali, Jeferson Dick, fatores ambientais como ventos e marés podem favorecer o encalhe. Vale lembrar que ventos e marés não causam a morte de animais marinhos.
O que acontece é a combinação dos eventos ambientais favoráveis ao encalhe com a mortalidade relacionada ao aumento da pesca com redes fixas durante período da temporada de tainha. Essa combinação pode contribuir para o alto número de toninhas mortas em um mesmo período.
“Existe um número significativo de redes irregulares durante a temporada da tainha, ocasionando na instalação de redes no mesmo ambiente onde habitam animais marinhos costeiros, como a toninha. Não estamos dizendo que a pesca, muito menos na temporada da tainha, deve ser exterminada da Terra. A promoção dessas informações tem como objetivo popularizar os registros que embasam artigos técnicos e científicos para a conservação ambiental”, explicam os técnicos.
Redes irregulares são aquelas instaladas em desacordo com as leis ambientais vigentes. Existe uma regulamentação para as atividades pesqueiras na zona de praia que visa a proteção da biodiversidade e dos ecossistemas. A vida da toninha, considerada o menor golfinho do oceano Atlântico Sul, é extremamente ameaçada pela pesca irregular.
Quando se instala uma rede em um ambiente inadequado, seja por falta de conhecimento ou por inexperiência, a atitude inconsciente pode causar o emalhe acidental de animais marinhos que vivem naquele ambiente. Mesmo não sendo a fauna alvo da pesca, esses animais ficam presos e morrem afogados ou asfixiados.
A pesca da tainha, na modalidade de cerco de praia, é patrimônio cultural em Bombinhas, por exemplo, município monitorado diariamente pela equipe da Univali – Unidade Penha. Conhecemos pescadores que entendem a importância do cumprimento das normas, seja em consideração pela causa ambiental, pelo entendimento sobre as relações entre um ecossistema e outro ou pela conexão natural ou cultural com a vida marinha.
➡ O PMP-BS é uma atividade desenvolvida para o atendimento de condicionante do licenciamento ambiental federal, conduzido pelo Ibama, das atividades da Petrobras de produção e escoamento de petróleo e gás natural na Bacia de Santos.
➡ Tem como objetivo avaliar possíveis impactos das atividades de produção e escoamento de petróleo sobre as aves, tartarugas e mamíferos marinhos, através do monitoramento das praias e atendimento veterinário aos animais vivos e necropsia dos encontrados mortos.
➡ O PMP-BS é realizado desde Laguna (SC) até Saquarema (RJ), sendo dividido em 15 trechos. A Univali monitora o Trecho 4, compreendido entre Barra Velha e Governador Celso Ramos (SC).
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Imagem: Univali Penha