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Univali de Penha registra segundo encalhe de golfinho em uma semana

Em uma semana, dois golfinhos do mesmo gênero foram registrados na área de praia monitorada diariamente pela Univali – Unidade Penha. O segundo encalhe foi registrado na Praia do Tabuleiro, em Barra Velha. As duas carcaças foram encontradas recém-mortas, encaminhadas à unidade para o exame de necropsia.

No primeiro caso, a causa de morte foi associada à interação com petrecho pesqueiro e arma branca. O golfinho estava com a nadadeira caudal amputada. Já no segundo encalhe, não foram observadas marcas de interação antrópica ao longo do corpo.

O golfinho era um macho de 154 centímetros de comprimento total. Apesar da boa integridade física, o animal estava magro, pesava 38 quilos no momento do resgate. Foram encontrados ciamídeos aderidos na pele, popularmente conhecidos por “piolhos de baleia”, e sanguessugas na nadadeira caudal.

Poucas foram as alterações viscerais encontradas a partir da avaliação interna. O diagnóstico morfológico apontou enterite parasitária e congestão no fígado. O acúmulo anormal de sangue (congestão) foi observado, ainda, nos rins, no baço, na adrenal e no sistema nervoso central.

O aumento nos linfonodos pré-escapulares, mediastínicos e mesentéricos pode indicar que o sistema linfo-hematopoiético estivesse combatendo alguma alteração no organismo, geralmente inflamatória Os linfonodos são estruturas “filtrantes” de substâncias nocivas formados por células imunológicas combatentes de infecções.

O aumento dessas estruturas pode acontecer quando os linfonodos estão “em operação” para expulsar células ruins. Defender o organismo é função dessas estruturas, porém, esse “trabalho em excesso” pode indicar uma alteração a nível microscópico.

Para tornar o entendimento da causa de morte mais conclusivo foram coletadas amostras biológicas, que serão processadas no Laboratório de Diagnóstico Veterinário da Univali. Essas amostras são formolizadas e congeladas.

A partir do processamento histológico pode ser possível identificar alterações não vistas a olho nu, entender o motivo da debilidade e qual agente envolvido na resposta inflamatória do sistema imunológico.

Registros como esses são fundamentais para o entendimento da condição de saúde de animais marinhos no momento do encalhe nas praias. As informações adquiridas na necropsia ajudam na compreensão do funcionamento dos sistemas, o que permite, inclusive, tornar mais efetivo o tratamento de animais vivos.

Muitas mortes estão relacionadas às interações antrópicas, aquelas que possuem alguma relação do homem e seu impacto ambiental. A pesca, por exemplo, é uma ameaça, mas nem sempre é a causa da morte. Há outros fatores e outras atividades humanas que afetam a vida marinha.

A morte é uma condição ao nascimento e, em algumas situações, pode se dar por alterações orgânicas. Seres naturalmente fracos, pré-dispostos a alguma debilidade etc. Ouvimos isso na escola quando estudamos a teoria defendida por Darwin: seleção natural.

O PMP-BS é uma atividade desenvolvida para o atendimento de condicionante do licenciamento ambiental federal, conduzido pelo Ibama, das atividades da Petrobras de produção e escoamento de petróleo e gás natural na Bacia de Santos.

Tem como objetivo avaliar possíveis impactos das atividades de produção e escoamento de petróleo sobre as aves, tartarugas e mamíferos marinhos, através do monitoramento das praias e atendimento veterinário aos animais vivos e necropsia dos encontrados mortos.

O PMP-BS é realizado desde Laguna (SC) até Saquarema (RJ), sendo dividido em 15 trechos. A Univali monitora o Trecho 4, compreendido entre Barra Velha e Governador Celso Ramos (SC).

 

Imagem: Univali – Penha