Um alerta emitido pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) apontou na tarde deste sábado, que Penha tem duas áreas em risco de deslizamento, sendo uma no Quilombo e outra Praia de São Miguel. A prefeitura anunciou que irá interditar os acessos e notificar todas os moradores das áreas, dando a opção do abrigo para manter a segurança das pessoas 32 pessoas residentes nas 8 moradias que estão no perímetro.
A informação chegou aos grupos de moradores da Praia de São Miguel, que imediatamente apontaram o local indicado como o mesmo onde em 17 de dezembro de 2022 a prefeitura retirou caçambas de barro para aplicação do material junto às galerias que estavam sendo instaladas na Transbeto.
O local há anos sofre com obras não concluídas para contenção de possíveis deslizamentos, e na ocasião o Penha Online conversou a Prefeitura, que garantiu que “tudo estava sendo feito de acordo com o projeto, executado como o autorizado pela Defesa Civil”. Diante das informações deste sábado(07), uma integrante do grupo de moradores fez um desabafo: “é preocupante a situação, e todos sabemos que nada foi feito para prevenir, ao contrário, tiram caçambas e mais caçambas de barro para levar pra cobrir as galerias da Transbeto. É revoltante”.
Em julho de 2019 a Defesa Civil de Penha mapeou residências na região da Praia de São Miguel, com objetivo de ter em mãos informações importantes para garantir a segurança dos moradores. O Morro Sul da Praia de São Miguel era considerado pela Defesa Civil, área degradada e com risco de deslizamento. Um Plano de Recuperação de Área Degradada (PRAD) foi elaborado, e o município pedia liberação de verbas do Governo Federal, através da Defesa Civil Nacional, para realizar as obras de prevenção.
O projeto foi dividido em três etapas, para facilitar a obtenção e investimento de recursos. A primeira aconteceu junto à Rua Sinei J. Perreira, considerada com risco iminente de deslizamento. Foi feito ali a contenção das encostas com retaludamento e construção de calhas para escoamento da água da chuva, além da implantação de dissipadores de energia em concreto armado. O volume de corte e aterro será de 57.045,93 metros quadrados, numa área de 300 metros de extensão. O valor de investimento foi de cerca de R$ 280 mil.
Outras duas etapas do PRAD aconteceriam em duas áreas situadas ao longo da Rua Arno Becker, a principal estrada da localidade de São Miguel. Ao custo quase R$ 300 mil a obra feita por CR Artefatos de Cimento e rapidamente apresentou diversas deteriorações nos materiais fornecidos, bem como na colocação dos mesmos.
“Quando começaram a chegar as caçambas de barro ali na frente do morro, fomos os moradores, uma moça do Ibama, a esposa do bombeiro, todos fomos ali evitar que tirasse barro do morro. Mesmo assim, a Camila da prefeitura peitou todo mundo, quis chamou a polícia, deu de dedo, chamou outro cara da segurança lá, não sei quem era lá, também deu de dedo, esculhambou todo mundo. E a gente estava apenas defendendo o nosso direito. Mesmo assim, eles tiraram várias carradas de barro e levaram lá para Transbeto, não sei para onde, para tapar algum buraco que foi feito pela prefeitura. Agora, a preocupação, naquele dia que precisava de todos juntos para nós confrontarmos a Camila, a Camila quis prender a gente. Na maior cara de pau. Agora tá aí, pessoal, a realidade naquele dia, tirando carrada de barro, desmontaram o morro, tem um monte de pedra ali que pode deslizar a qualquer momento em cima daquelas residências, nunca foi tomado nenhuma providência, nunca foi feito nada, ainda vieram fazer, aquele dia, queriam tirar 40 carradas de barro para levar lá para Transbeto, para tampar aquelas tubulações que tavam fazendo lá, confrontaram a população. Agora vem com essa historinha aí, de querer dizer para nós que é o bem-estar da prainha, que nada, gente, tem que prevenir antes das enchentes, antes de chuva, o desastre tem que ser prevenido, mas não, eles fizeram questão de derrubar o morro, agora o morro tá aí, o morro tá aí a perigo. Não estamos atacando ninguém. Estamos falando da realidade que naquele dia foi desagradável, realmente. Foi desagradável. A mulher da prefeitura não soube se comportar naquele dia. Usou da força pública para nos repreender. Isso é uma vergonha. Agora, que o município tem sim a obrigação de proteger o seu cidadão. Aquele morro já está há mais de dez anos com esse problema. Até hoje as pedras estão ali ainda. Não foram retiradas. Agora, quer vir de bom samaritano? Comigo, não”, disse ele.
.