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[VÍDEO] “Progresso sim, mas com respeito ao ser humano, à natureza e ao diálogo”: o desabafo de um morador de Penha sobre as obras na orla

Neste sábado o Penha Online recebeu um relato de um morador de Penha, que questiona a demolição dos imóveis na orla de Penha para abertura de uma via e de um parque linear (assista ao vídeo no final desta matéria). O depoimento dele vai de encontro a opinião de pessoas que por razões diversas – inclusive a derrubada de várias árvores – não aprovam ou aprovam em partes as obras que estão sendo realizadas num trecho que compreende a Praia do Quilombo e Praia do Manguinho, mais precisamente do canto do Quilombo até a Rua Itajaí. Sobre as árvores, a Prefeitura já declarou em outras oportunidade se tratarem de uma “espécie invasora” e que haverá compensação, alegação aceita inclusive pelo juiz Luiz Carlos Vailati Junior, da Comarca de Balneário Piçarras.

“Uma senhora com mais de 80 anos tentava assustada salvar alguns objetos pessoais, enquanto assistia a agressão de máquinas simplesmente passando por cima do bem cuidado jardim a poucos metros de seu lar. Em seu rosto estampada a tristeza e o desamparo. E o mais inacreditável… um grupo de pessoas aplaudia e incentivava a cena grotesca. Da noite para o dia, em uma ação truculenta e ilegal, tratores simplesmente saíram destruindo tudo pela frente na orla de Penha. Moradores e suas famílias assustados e desprotegidos em suas próprias casas, árvores centenárias derrubadas, restingas e destruição da natureza e de propriedades de terceiros. Uma verdadeira selvageria, como se vivêssemos em terras sem lei”, comenta no primeiro trecho de seu desabafo.

Na sequência, o autor da reclamação relata ter vivenciado um cenário de guerra durante a demolição: “algo sem precedentes, mas infelizmente não é ficção, se trata da realidade atual em nossa cidade. Famílias que amam a Penha, nascidas ou não aqui, que trabalham há décadas pela melhoria de nossa cidade, se viram agredidas e tratadas com desprezo, como marginais, chamadas de ‘invasores’ em um discurso irresponsável e perigoso. São cidadãos que pagam seus impostos e taxas pelo direito (e dever) de zelar pelas terras de marinha, pertencentes a União Federal, pegos desprevenidos de forma covarde, sem compreender tamanha falta de diálogo e empatia”.

No trecho final, o autor continua com seu relato pessoal, externando sua visão sobre o caso: “eu particularmente olhei para tudo isso tentando não me decepcionar, pois conheço muito claramente quem é o responsável (ou irresponsável?) pelo que estamos passando. Infelizmente continuamos a nos deparar com discursos vazios e repletos de mentiras. A pessoa é o que ela faz, e não o que ela fala ou quer aparentar ser. O exemplo está aí para todo mundo ver! Respeito, direito, e empatia é o que queremos e precisamos. Penha tem tudo para ser um dos melhores destinos turísticos do Brasil, mas como querem receber turistas e visitantes, se nem a própria população e natureza são respeitadas? Sou a favor da melhoria e da revitalização da orla de Penha. Um projeto bem feito, elaborado por uma empresa com larga experiência em sua bagagem. Alargamento da faixa de areia, por que não? Com mais espaço para esportes de areia ou um frescobol em família… uma obra com benefícios e mais qualidade de vida à nossa sociedade. Tal projeto, é claro, apresentado e discutido em audiências públicas, evoluído através do diálogo entre todos os interessados e envolvidos de forma ordenada e pacífica! Entretanto o que temos pra hoje é mais um desperdício de dinheiro público em uma ação desordenada e sem planejamento, algo que já virou marca registrada da atual gestão municipal de Penha. Espero que nossa população encontre forças para superar mais esse desrespeito. Mais uma vez, infelizmente causado pela arrogância e despreparo de um homem”, e conclui assinando como “um morador indignado de Penha”.

Na quinta-feira (25) o prefeito Aquiles declarou na quinta-feira ao Penha Online, que a confusão estava se dando pela demolição dessas áreas irregulares. “A Secretaria do Patrimônio da União (SPU) tá entrando em conflito com o que foi determinado pela ação civil pública. O juiz nesse despacho federal dá a entender que a gente tem as autorizações, inclusive a ação civil do Ministério Público Federal não está na defesa ainda. Estamos bem tranquilos, vamos parar só pra esclarecer. Tenho certeza que logo logo a gente recomeça”, disse o prefeito naquela manhã, quando as obras foram paralisadas acatando a uma decisão da Justiça Federal.

A respeito da declaração do reclamante anônimo e de algumas reclamações onde as pessoas afirmam que a Secretaria de Planejamento ainda em 2021 teria garantido que as obras não atingiriam seus muros, e ao final acabou atingindo, a prefeitura declarou ao Penha Online neste sábado que “a ação vem sendo anunciada desde 2019, com notificação oficial aos moradores feita em 2021. A ação foi realizada em uma avenida pública, conforme lei municipal”, afirma se referindo à LEI 206 de 1970 que constituiu uma via pública (Avenida Presidente Emílio Garrastazu Médici) com extensão de 6 quilômetros a partir da Praia do Quilombo.

O envolvidos no processo judicial já se reuniram na última sexta-feira (26); uma nova decisão deverá ser expedida no início da semana que se aproxima.

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