A violência doméstica foi o tema de mais um evento realizado pela Procuradoria Especial da Mulher Antonieta de Barros, da Câmara de Vereadores de Penha, marcando a campanha Agosto Lilás na noite desta última terça-feira (09).
Quatro profissionais falaram sobre os 16 anos da Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340), promulgada em 7 de agosto de 2006 e também sobre as questões estruturais em nossa sociedade que estão levando ao aumento nos índices de casos de mulheres vítimas da violência, geralmente agredidas por seus companheiros ou ex-companheiros.
Participaram da roda de conversa a psicóloga do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) de Penha, Nadielli Andretti Vitorino, da assistente social Karina Rocca, que atua no Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) de Penha, do sargento da Polícia Militar Guilherme Flores (responsável pela Rede Catarina) e também do investigador da Polícia Civil, Allan Coelho.
O anfitrião do evento, Everaldo Dal Posso (PL), o Italiano, que é procurador especial da mulher no Legislativo Penhense, deu as boas-vindas aos convidados e falou da importância do trabalho desenvolvido por eles. “Quero deixar registrado o nosso carinho a vocês pelo trabalho que desenvolvem no combate à violência contra a mulher. A violência, seja ela física, sexual, psicológica ou patrimonial, é um crime que precisa ser enfrentado pela nossa sociedade”, frisou Italiano.
O sargento Guilherme falou da grande quantidade de ocorrências relacionadas a Lei Maria da Penha no município, destacando as ferramentas do Estado para garantir a segurança das vítimas, com intuito de cessar o ciclo de violência doméstica. “Os crimes absorvidos pela Lei Maria da Penha são crimes diferentes do roubo, do tráfico de drogas, porque acontecem dentro das quatro a paredes de uma casa. Se a vítima não pede apoio, não grita no momento que está sendo violenta, se o vizinho não chama a polícia, o Estado não sabe e ela fica à mercê do agressor”, afirma o policial militar.
Allan Coelho, há 11 anos atuando no município de Penha, revelou que a maior incidência de crimes no município são exatamente os relacionados à violência doméstica, demonstrando o quão grave é a situação para as mulheres penhenses. “Pelo menos uma vez por dia é registrado um boletim de ocorrência envolvendo violência doméstica. E pelo menos uma vez por dia uma mulher pede medida protetiva”, afirma o investigador.
CREAS
Outra contribuição importante para o evento foram as informações trazidas pela assistente social Karina Rocca. De acordo com a servidora do CREAS, devido à sua complexidade, a assistência à mulher vítima de violência doméstica e familiar deve ser prestada de maneira articulada, formando uma rede de atenção intersetorial, que envolve não apenas a assistência social, mas a saúde, a segurança pública, a justiça, o trabalho, o esporte e lazer, entre outros.
O CREAS recebe demandas de casos envolvendo violência doméstica e familiar das polícias, Saúde, Conselho Tutelar, Disque 100, Ministério Público, do CRAS e também da própria comunidade.
Os encaminhamentos também podem ser feitos pelo email creas@penha.sc.gov.br ou pelo telefone (47) 3345 3904. “É importante que seja feito um breve relato sobre a situação de violência, com nome completo da vítima, endereço, telefone de referência, para que possamos realizar o acolhimento desta mulher e iniciar o acompanhamento social”, explica a assistente social.
Consequências psicológicas
Encerrando o evento, a psicóloga Nadielli Andretti Vitorino explicou todas as consequências psicológicas que a violência causa às vítimas, como traumas e o sofrimento. “São sintomas que não podem ser mensurados, principalmente porque estas mulheres geralmente têm um mecanismo de defesa, um ajustamento criativo de como lidar com aquela situação, o que não significa que ela está resolvendo aquilo de uma forma saudável. Inclusive pode estar sofrendo cada vez mais”, afirma Naidelli.
Imagem: Câmara de Vereadores de Penha