Sociedade Amigos de Piçarras (SAP) é doada à prefeitura de Balneário Piçarras


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A partir de agora, os bens da antiga Sociedade Amigos de Piçarras (SAP) fazem parte do patrimônio da Fundação Municipal de Cultura de Balneário Piçarras. A decisão histórica foi anunciada esta semana, depois da conclusão de todo o processo de doação e registro do imóvel em nome da fundação. A doação foi feita depois de um processo que durou quase três anos entre o pedido da Fundação para a doação aos antigos sócios, a decisão legal de doação, tomada em Assembleia Geral da Associação realizada no dia 15 de maio de 2023, e a finalização do processo de doação e registro do imóvel.

A presidente da Fundação de Cultura, Iria Lúcia Quintino, se diz emocionada com a decisão e satisfeita em ver um dos principais locais que remetem à cultura local integrar o patrimônio da Fundação e ser novamente um local de referência das ações culturais para os piçarrenses. “A população local há muito tempo pedia a reativação da SAP ou pelo menos que se utilizasse o espaço para as ações da cultura. Mas, tudo sempre ficou só na ideia, sem muitas ações concretas. Não queríamos mais esperar. Quando assumimos a gestão em 2021, fizemos um dossiê sobre a SAP e fomos pedir aos antigos sócios a concretização desse sonho, doando o espaço para a Fundação de Cultura. O prefeito Tiago Baltt e o vice-prefeito Fabiano Alves foram nossos entusiastas e nos deram carta branca para seguir a caminhada”, lembra e agradece Iria.

A presidente destaca que foram muitas conversas, reuniões, documentação, idas e vindas a vários cartórios, e fundamental decisão dos antigos sócios de reativarem a sociedade, agora como entidade, e fazer todo o trâmite de doação. “Tivemos muito apoio dos associados, foi nomeado um administrador provisório e depois criada uma diretoria nova da SAP para fazer legalmente a doação, cujo presidente foi o Roberto Duarte. Depois contamos com o apoio de várias secretarias, servidores, do vereador Jaime Albano. Agora, é comemorar e planejar a reestruturação do local para receber os espaços culturais”, conta Iria.

O Plano Municipal de Cultura que tem validade até 2024, que visa estabelecer estratégias, ações e metas que deverão ser executadas pela gestão por 10 anos tinha como uma das principais metas (Estratégia 6 – Meta 12) a aquisição de um espaço cultural próprio. “Essas era uma das metas ainda pendentes, e graças a Deus e ao trabalho incansável de muita gente, agora conseguimos concluir e entregar à população e aos artistas locais”, conclui ela.

O imóvel, no centro de Balneário Piçarras, agora de posse da Fundação de Cultura, compreende a parte antiga da SAP, onde hoje apenas há a fachada em pé, além do espaço do boliche e de um imóvel atrás do boliche. A ideia inicial é que no espaço já construído, seja instalada a Biblioteca Pública José Ferreira da Silva e o Centro Cultural Luiz Telles com sua Galeria de Artes, espaço de oficinas sala de acervos e espaço para reuniões do Conselho de Cultura, das Câmaras Setoriais e até da Academia de Letras. Já na parte antiga, a intenção é que seja feito um projeto para a construção de um teatro.

História da SAP

No início da década de 1950, moradores locais reuniam-se para deliberar assuntos de interesse comum, principalmente a instalação da energia elétrica na cidade. Foram feitas gincanas, apresentações e mobilizações estaduais para conseguir tal feito, mostrando a importância do grupo e da sociedade para a cidade. Depois de alcançarem alguns objetivos, decidiram fundar o clube social para reuniões, palestras, bailes, eventos esportivos e culturais para associados e comunidade. Em 20 de janeiro de 1952 era fundada a Sociedade Amigos de Piçarras.

Um dos grandes eventos realizados foi um desfile intitulado Rainha da Praia, os carnavais e apresentações de grandes orquestras como Cassino de Sevilha. A SAP chegou a ter 1000 associados, patrimoniais e recreativos. Toda essa movimentação cultural na SAP tornou Piçarras referência nacional com os Festivais de Teatro, Festivais de Música, atrações nacionais como a vinda de Os Trapalhões para a cidade e os famosos carnavais.

Até meados dos anos 90, porém, uma série de fatores mudaram os interesses e as atrações culturais e sociais que mantinham a sociedade. Com isso, a SAP foi ficando em segundo plano, até que ficou esquecida entre as décadas de 2000 até 2010, quando parte da estrutura física do local foi alugada para fins comerciais. Balneário Piçarras, em todo esse tempo sem a SAP, contou com atrações na praia, eventos esporádicos nos ginásios e escolas, mas sem um espaço cultural que pudesse abranger as diversas artes e os eventos culturais e sociais da cidade. Em 2015, o Centro Cultural Luiz Telles passou a ser o espaço cultural da cidade, mas sempre em imóvel alugado. Agora, a Cultura ganha um local próprio onde vai investir recursos para adequar o espaço e fazer dele o ponto de encontro dos artistas e da comunidade local.

 

Imagem: Prefeitura de Balneário Piçarras